segunda-feira, 28 de março de 2011
desritmia
na tarde de vinte de março
quando o céu rouco e transbordante
veio anunciar o outono
eu pensei nas águas derradeiras
como lágrimas barrocas
lavando toda angústia
e inflexão
eu pensei nas águas
e me deparei liquefeito
saturando o solo profundamente
tão profundo
que só encontrasse versos mortos
presos ao influxo do desejo
rastejante feito lesmas
e essa massa dessedentada
numa quase antonímia com as nuvens
é agora fatiada por incontáveis raios
de incandescente brilho
espargindo sobre árvores e arbustos
circundando minha casa
isso me causa arroubo
e ao mesmo tempo
me embuzia
:
a luz que modifica
as paisagens
não compõe versos
nem descortina horizontes
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário