O asfalto só residia no centro: um tapete preto a receber ilustres visitantes. Na periferia, paralelepípedos acobertavam a terra vermelha, sacolejando a suspensão dura dos automóveis. Cavalos se equilibravam na pista escorregadia. Postes de madeira sustentavam fios de cobre e a arandela picotada nas bordas, guardando o engenho de Edison (alvo fácil das bolinhas de saibro na tipóia dos estilingues). A arquitetura comportada se repetia nas casas enfileiradas, com alpendres resguardando a porta da sala. Árvores mal escolhidas e mal podadas levantavam lajotas ou rachavam o cimentado das calçadas que, chuva após chuva, ia enxurrada abaixo. À noite sonhava morar numa grande casa no centro. Engendrava planos de roubar as goiabas amarelas da vizinha. Pintava um cenário futurista para a vida. E acordava as seis, com a buzina do carrinho de mão do padeiro.
[é na nascente, e não na foz, que começam os mares do mundo]
ResponderExcluirum abraço, Sidnei
LB