quarta-feira, 27 de abril de 2011

o poema insurgente












minha memória falha e curta
meu alfabeto incompleto
minha vida de ínfima leitura
sucumbida no vocabulário
abjeto
nessa intenção clara e pura
de por o poema em fervura
sem exposição de motivos.

apelo então (uma voz ignara...)
: junto todas as palavras
no saco ready made de tzara
mas os jornais não me bastam.

vasculho então as estantes enciclopédicas
:
descubro Aurélios, Houaiss, Caudas Aulete
livros de auto-ajuda
psicologias existenciais
e todos os pensadores, dos antigos aos atuais

(
bebo na dialética socrática e não me reconheço.
dialogo platonicamente e emudeço na caverna da dualidade.
a poética aristotélica desconstrói minha lógica formal.
ah meu santo agostinho sem crer nem compreender acabo compreendendo que não creio.
assim não percebo nem aqui nem aquino a diferença entre essência e existência.
não sou príncipe nem maquiavélico. sequer vivo num estado imaginário.
não sou moderno diante dos fenômenos. mas levo meu crítico espírito às últimas consequências desconfiando de mim mesmo observando o mundo com isenção (essa cruel leviatã...).
descarto a espinhosa metafísica dessa história sem possibilidades.
agora sou empírico. utilitário. uma trajetória espiritual entre os fenômenos da auto compreensão.
irracional e romântico. meu mundo é representado. minha vontade é força cega. a realidade não existe.
embora sirvo ao propósito. ao positivo e conte com o desprezo das ilusões e da transcendência da vida demasiadamente humana
a vida ainda é capital: a nova atlântida em busca das origens. das diferenças entre o ser e o ente. a natureza das ideias.
os graus da razão e da fé. da consciência trágica nestes reflexos condicionados sem o adorno iluminado.
próximo e remoto dou adeus a atitude e

)
morro à míngua pois
não há língua nem linguagem
que surpreenda o pensamento
quando a ideia do poema
transcendeu todas as letras.

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